domingo, 22 de maio de 2011

INFLUÊNCIA DA EMOÇÃO NO JULGAMENTO – MORAL, ÉTICA E LEI

Cada vez mais se fala de questões morais…Se devemos ou não fazer isto ou aquilo… Se o fizemos, porque razão o fizemos… e se não fizemos, será que devíamos ter feito?

Mas afinal o que é isso da Moral?
Segundo Comte, “a moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas”. Entende-se por impulsos simpáticos aqueles que aproximam os indivíduos uns dos outros. Assim, a Moral estabelece normas de conduta que são assumidas pela pessoa e que regulamentam as suas atitudes e comportamentos na interacção com os outros.
Ao debruçarmo-nos sobre o tema do julgamento moral, importa clarificar também os conceitos de Ética e Lei.
A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau, estabelece regras e busca a perfeição do Ser Humano. Por isso, a ética não impõe moral e lei, mas propõe rumos possíveis para o aperfeiçoamento de ambas.
Lei, por seu lado, é uma referência de bem, um instrumento para fazer justiça, é um conjunto de acordos explícitos, de carácter obrigatório, estabelecidos entre pessoas de um grupo para garantir a justiça.
A Ética e a Lei auxiliam-nos no julgamento que fazemos de cada uma das situações com as quais nos vamos deparando no dia-a-dia. No entanto, a Moral, bem como os Valores orientam-nos nas acções, escolhas e atitudes, uma vez que estão associados ao que é realmente importante para cada indivíduo.
 Segundo Piaget, o desenvolvimento moral e as acções directamente ligadas a ele dependem da Afectividade. Virtudes como a generosidade, a compaixão e a lealdade, não sendo aspectos cognitivos, são fundamentais para entender porque razão uma criança de 5 anos, que ainda não se guia por uma Moral Autónoma, decide, no entanto, não acusar os amigos quando eles infringem uma regra.
O desenvolvimento moral é um sistema dinâmico, um processo que não é apenas cognitivo, mas também afectivo, social e cultural. A afectividade tem uma relação directa com a construção de valores e com a nossa forma de agir perante os dilemas morais.
Pensemos no exemplo de um indivíduo que, vendo a mulher adoecer, sem ter a possibilidade de comprar medicamentos, decide assaltar uma farmácia de forma resolver o problema. Perante uma situação de vida ou morte, o sujeito é confrontado com um dilema moral: ou segue as leis e a ética, respeitando as regras definidas pela sociedade e assiste impotente ao sofrimento de alguém que ama, ou por outro lado, opta por infringir uma lei, privilegiando os princípios éticos escolhidos por si próprio e que colocam a vida humana e a preocupação com o outro em primeiro lugar na sua lista de prioridades.
Na verdade, as pessoas seguem muito mais as suas intuições / emoções morais, do que propriamente as reflexões morais (pensar, reflectir).
 Geralmente, existem dois processos cognitivos trabalhando ao mesmo tempo na elaboração do julgamento moral:
- O raciocínio (cognitivo, lógico) e
- A intuição (automática, emocional).
Durante muito tempo o processo de raciocínio foi muito enfatizado e priorizado, no entanto, a maioria das vezes esse mesmo raciocínio é motivado, orientado e desencadeado pela emoção sentida. Até porque, com frequência, o processo de raciocínio é construído após o julgamento já ter sido realizado.
Alguns autores referem que a Moral evoluiu com uma forma de aumentar a coesão e a união de um grupo perante ameaças de outros grupos.
Assim, a Moral permite-nos regular os nossos movimentos com base em outra coisa que não apenas o impulso egoísta. 
 No entanto, temos assistido nos últimos tempos a uma desvalorização das questões morais na forma como os indivíduos interagem entre si, e com isso vindo a perder valores importantíssimos, podendo mesmo dizer que “a moral já não é o que era…”.

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