quarta-feira, 13 de abril de 2011

Preparação Psicológica para a Competição

O Alto rendimento Desportivo é resultado de esforços multifacetados no sentido de preparar os atletas para o contexto de competição.
Há 4 áreas fundamentais de treino que se complementam – Física, Técnica, Táctica e Psicológica. A preparação física e técnica representam a base na qual o rendimento é construído. Sem estes dois níveis, os atletas não podem colocar em prática as estratégias tácticas ou psicológicas.
O sucesso em alta competição é 10-20% fisiológico e 80-90% psicológico (Koza & Land, 1983, citado por Lohasz e Leith, 1997).
Sendo assim, os atletas de topo superam, uma vez que estão psicologicamente mais bem preparados para a competição.
Assim, é necessário que os atletas saibam como podem melhorar o conteúdo dos seus pensamentos de forma a optimizar as suas performances.
A este nível, o treinador tem um papel decisivo, nomeadamente, por intermédio da utilização de feedback no sentido de elevar a auto-estima e melhorar a auto-confiança dos seus atletas.
Um exemplo de como a mobilização destas competências comportamentais é decisiva no desempenho que os atletas obtêm é o filme “Um dia qualquer” cujo excerto podem visualizar:
Al Pacino representa o papel de um Treinador, que durante um dos jogos do campeonato se depara com uma situação caótica, na qual perde (por contusão) dois dos seus principais jogadores e a quem não resta alternativa senão procurar mobilizar a motivação do resto da equipa, em particular Been (Jamie Foxx), um jovem desatento, desmotivado e imaturo, no entanto, talentoso e com boas competências técnicas e tácticas.

Durante o seu discurso, o treinador procura melhorar o desempenho da equipa, através de um discurso emocionalmente convincente, dando feedback, traçando objectivos ambiciosos e mobilizando a motivação de cada um dos jogadores. Gradualmente, é possível irmos observando uma mudança na postura de cada um dos elementos da equipa.
O que fará diferença, no campo, nesta fase não será tanto a preparação técnica e táctica, mas a psicológica, espelhada na forma como cada um dos elementos da equipa acredita que será possível ganhar o jogo e, como tal, dá o seu melhor, superando-se em prol do colectivo.

Genie " menina selvagem"

O caso de Genie permite-nos a reflectir sobre o que acontece se uma criança crescer isolada do contacto humano. A “Menina Selvagem” permaneceu, durante anos, prisioneira num quarto, ao qual quase não chegavam estímulos visuais ou auditivos e sob as ameaças constantes do pai que a condicionou, ao agredi-la de cada vez que emitia sons.
Quando foi resgatada, a menina ainda não tinha desenvolvido linguagem e a actividade cerebral apresentava um perfil anormal, evidenciando possíveis danos cerebrais causados pelos anos de privação de estímulos. O seu desenvolvimento psicomotor apresentava-se, portanto, muito aquém do desenvolvimento considerado normal para uma criança da sua idade cronológica.
Após ter sido libertada, Genie evidenciou uma evolução significativa.
Começou a explorar intensamente o meio ambiente, tal como uma criança pequena, utilizando o tacto para se familiarizar com as coisas e pessoas que a rodeavam. Nas palavras dos médicos, explorava “como se fosse cega”, utilizando o toque para se relacionar com o meio.
Acabou por adquirir um vocabulário razoável, aprendendo a utilizar uma língua por intermédio de repetição das palavras que escutava.
Sofreu um retrocesso no momento em que foi reprimida por uma das famílias de acolhimento por onde passou, possivelmente, por ter estabelecido uma associação à forma como o pai a punia de cada vez que emitia sons.
Mais tarde, acabou por ser capaz de estabelecer vínculos de ligação e confiança, que certamente terão influenciado bastante a sua capacidade para aprender e melhorar.
No entanto, apesar de ter feitos muitos progressos após ter sido libertada, Genie nunca foi capaz de atingir um desenvolvimento normal da sua linguagem.
Assim, a importância da experiência precoce na aquisição da linguagem e no desenvolvimento psicomotor por parte das crianças está espelhada neste caso. A aquisição da linguagem nas crianças resulta da conjugação de factores hereditários (genéticos) e factores do meio. Estes segundos têm a ver com as experiências que são promovidas para facilitar as aprendizagens da criança nesta área, ou seja, com os estímulos a que a criança é sujeita mesmo antes de nascer. No processo de aquisição da linguagem de uma criança é muito importante que as experiências relacionadas sejam promovidas desde cedo, pois, se a estimulação para a linguagem surgir demasiado
tarde, não é possível a aquisição da linguagem de forma normal. Esta estimulação permite que a criança se vá familiarizando com o código linguístico dos pais.
É possível concluir que existe um período crítico nas crianças para a aprendizagem da linguagem. Caso não seja aproveitado este período crítico, há aprendizagens que, não tendo sido realizadas na infância, dificilmente serão interiorizadas na vida adulta. Por outro lado, comportamentos inadequados podem causar problemas físicos e mentais no desenvolvimento da criança, tal como o afecto associado a uma estimulação adequada pode acelerar o seu processo  de desenvolvimento psicomotor .
Resumindo, ainda que a componente genética seja um factor muito importante no desenvolvimento da capacidade intelectual, os factores do meio desempenham um papel decisivo na determinação do modo como a componente genética se expressará. A pessoa é assim resultado de uma história em que se interligam factores hereditários e factores ambientais. A complexidade do que somos deriva do potencial herdado e dos efeitos do meio.

A gestalt aplicada à educação das crianças

As aplicações das descobertas da Gestalt na Educação são muito importantes por recusarem o exercício puramente mecânico no processo de aprendizagem. 
Os psicólogos que preconizaram a teoria da Gestalt, como Köhler, Koffka, defendiam que a experiência e a percepção são mais importantes que as respostas específicas no processo de aprendizagem. Segundo eles a aprendizagem acontece através de insight, que se constitui numa compreensão súbita para solução de problemas. Mas para que isso ocorra existe a necessidade de experiências anteriores vinculadas ao problema e só acontece em consequência de uma organização permanente da experiência, que permite a percepção global dos elementos significativos.
Assim, a aprendizagem deve-se a uma re-organização do campo cognitivo que permite a compreensão de um problema e a sua solução. Para a gestalt a experiência não é o único factor de aprendizagem, pelo que esta resulta da compreensão e percepção da mesma.
Isto ajuda a explicar porque razão duas crianças, da mesma faixa etária, que sejam sujeitas ao mesmo estímulo, nas mesmas condições, o captam, seleccionam, organizam e interpretam de forma distinta.

Conceito de Percepção
A Gestalt traz-nos o conceito de percepção – que não é mais do que o processo de descodificar os estímulos que recebemos. Em termos gerais, a percepção pode ser descrita como a forma como vemos o mundo à nossa volta, o modo segundo o qual o indivíduo constrói em si a percepção e o conhecimento que possui das coisas, pessoas e situações. Percepcionar algo ou alguém é captá-lo através dos sentidos e também fixar essa imagem.
As relações entre o indivíduo e o meio que o rodeia são assim regidas pelo mecanismo perceptivo e todo o conhecimento é necessariamente adquirido através da percepção.
A mesma imagem pode ser percebida de forma diferente por dois indivíduos, devido às diferenças de percepção.

O Todo é maior do que a soma das partes
Por outro lado, segundo a Gestalt as coisas são percebidas na forma de um todo.
Aplicando à educação das crianças, é necessário ensinar-lhes conceitos globais que contribuam para o desenvolvimento do intelecto geral, antes de lhes mostrar os detalhes, porque quando os pormenores são ensinados primeiro, nem sempre os alunos conseguem compreender o verdadeiro significado do que aprenderam. Neste sentido, os conteúdos devem ser apresentados de forma integrada e não isolada.
Assim, podemos concluir que os estímulos não agem de forma mecânica sobre um organismo passivo, pelo que o indivíduo participa activamente no seu processo de aprendizagem.
A consciência destes aspectos aumenta, naturalmente, a responsabilidade dos educadores, que devem adaptar o método de ensino às crianças e jovens que ensinam, de forma a estimularem o aparecimento de insight e portanto, de transferências das aprendizagens para outros contextos.